Baixa disponibilidade de médicos afeta oito em cada dez dos 184 municípios cearenses
Depender do SUS (Sistema Único de Saúde) muitas vezes é a única alternativa para quem procura cuidados médicos. E o atendimento beira o caos, porque nem sempre é humanizado, há demora na espera, faltam itens, instrumentos e até medicamentos, sem conforto, pouca ou quase nenhuma segurança, profissionais menos qualificados e mal remunerados, enfim, o que não faltam são críticas.
Imagina, então, leitor, viver em cidade em que há um ou, às vezes, nenhum médico para cada grupo de 1.000 habitantes! É exatamente o que acontece em 149 das 184 cidades do Ceará, o que dá a média de oito em cada dez cidades vivendo nessa condição, o que afeta principalmente a atenção primária, área responsável por consultas, exames e orientações, entre outras.
Dessas localidades com menor disponibilidade de profissionais da saúde que atendam pelo SUS encontram-se Umari, Carité e Santana da Acaraú, que têm taxa de 0,1 cada uma. Com zero aparece a cidade de Pacujá, com cerca de 6.500 habitantes na microrregião de Sobral, a cerca de 230 quilômetros da capital Fortaleza. Para se ter ideia da disparidade, Barbalha, com 6,5; Fortaleza, com 2,6; e Cascavel, com 2,5; são os municípios com maior proporção de médicos no Estado.
O secretário da pasta em Pacujá, entretanto, diz que existem três médicos trabalhando nos três estabelecimentos de saúde da cidade. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), não há um número de médicos definido como ideal para cidades, Estados ou países, mas o Brasil segue o Reino Unido, formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que tem sistema público de saúde e no qual a média é de 2,7 profissionais para cada grupo de 1.000 moradores.
Essa falta de profissionais da área no Interior do Estado afeta principalmente a base do sistema de saúde, que é a atenção primária. Os principais motivos apontados por especialistas para o baixo índice de médicos no Estado são falta de estrutura, questões financeiras e pessoais dos profissionais que deveriam atender nessas localidades, principalmente no Interior.
Uma das alternativas para solução do problema, segundo especialistas, é a distribuição mais regionalizada das vagas do programa do governo federal Mais Médicos. Em nota, o Ministério da Saúde disse que tem trabalhado arduamente “para garantir o acesso à saúde a todas as pessoas que mais precisam, o que inclui as periferias das grandes cidades, os pequenos municípios e os chamados vazios assistenciais”.
Ainda apontou o programa Mais Médicos como principal estratégia para a concretização desse plano. Ainda conforme a pasta, no Ceará havia 6.042 equipes de saúde até julho deste ano, 307 a mais se comparado com dezembro do ano passado.